Conheça algumas espécies de abelhas sem ferrão

A mandaçaia constrói ninhos em ocos de troncos de árvores, em uma altitude mediana

 

Uruçu (Melipona scutellaris)

Uruçu é uma palavra que vem do tupi "eiru su", que nessa língua indígena significa "abelha grande". Essa nomenclatura está relacionada com diversas abelhas do mesmo gênero, encontradas não só no Nordeste mas também na região Norte. No Brasil, existe a uruçu amarela (Melipona rufiventris), bem como a uruçu verdadeira ou uruçu do Nordeste (Melipona scutellaris).

A tendência é reservar o termo "uruçu" para a abelha da zona da mata do litoral baiano e nordestino, que se destaca pelo tamanho avantajado (semelhante à Apis), pela produção de mel expressiva entre os meliponídeos e pela facilidade do manejo, pois são abelhas mansas.

Estudos já realizados mostraram a relação da uruçu com a mata úmida, que apresenta as condições ideais para as abelhas construírem seus ninhos. Elas encontram nesses ambientes árvores de grande porte, espécies com floradas muito abundantes que são seus principais recursos alimentares, bem como locais de morada e reprodução.

Esta espécie possui uma preferência floral mais seletiva do que as abelhas africanizadas, razão pela qual se encontram em vias de extinção.

O mel dessas abelhas, além de muito saboroso, pode ser produzido até 10 litros/ano/colônia em épocas favoráveis, embora a média seja de 2,5 a 4 litros/ano/colônia. É considerado medicinal, principalmente pelas populações regionais. Devido ao alto teor de água, eles devem ser armazenados em geladeira quando não forem consumidos imediatamente.

Mandaçaia (Melipona mandacaia)

A mandaçaia (Melipona mandacaia) é uma abelha social brasileira, de cabeça e tórax pretos, abdome com faixas amarelas interrompidas no meio de cada segmento e asas ferrugíneas. Medindo entre 10mm e 11mm de comprimento, elas nidificam em árvores ocas. Os ninhos, com boca de barro, são grandes e em geral contêm muitos litros de mel. Também é conhecida pelos nomes de amanaçaí, amanaçaia, manaçaia e mandaçaia-grande.

Essa espécie possui excelentes características para ser criada racionalmente e conta com uma incidência maior em várias regiões do país, indo desde o Paraná até o estado da Bahia.

A mandaçaia constrói ninhos em ocos de troncos de árvores, em uma altitude mediana. A entrada do ninho é construída com geoprópolis - mistura de barro com resinas extraídas das plantas. Geralmente na parte externa do orifício de entrada elas constroem sulcos radiais convergentes, sendo que, nesse orifício, passa só uma abelha por vez.

Jataí (Tetragonisca angustula)

A criação de abelhas jataí (Tetragonisca angustula) tem se firmado como uma boa opção aos meliponicultores. Abelha nativa do Brasil, com ampla distribuição geográfica - é encontrada do Rio Grande do Sul até o México. A jataí tem algumas vantagens sobre as africanizadas ou europeias pertencentes à família Apis. É uma abelha bastante rústica, que tem grande capacidade para fazer ninhos e sobreviver em diferentes ambientes, inclusive em zonas urbanas.

A jataí utiliza os mais variados locais para a nidificação. Isto promoveu sua adaptação inclusive ao meio urbano, o que não ocorreu com a maioria das espécies de abelhas nativas que são exclusivas nidificadoras de ocos em troncos de árvores.

Segundo Ana Maria Waldschimidt e Paulo Sérgio Cavalcanti Costa, coordenadores do Curso Criação de Abelhas Nativas sem Ferrão - Uruçu, Mandaçaia, Jataí e Iraí, elaborado pelo CPT - Centro de Produções Técnicas, o mel da jataí, além de saboroso e suave, é bastante procurado por suas propriedades medicinais. É usado como fortificante e anti-inflamatório, em particular dos olhos.

A jataí produz própolis, cera e pólen de boa qualidade. Em comparação às abelhas com ferrão, essa produz menor quantidade, mas o preço de venda é maior: um litro desse mel pode chegar a 100 reais.

Equipe de Redação 24-02-2012 Apicultura
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