Os elementos necessários para a nutrição dos tecidos que compõem o pé dos equídeos e muares vêm do plasma sanguíneo, que se extravasa pelas paredes dos vasos (veias e artérias) e se infiltra pelos tecidos. Devido à pressão sofrida pelos pés dos animais ao se apoiarem no solo, o extravasamento do plasma aumenta muito. Por isso, a falta de exercícios provocará, com o tempo, o ressecamento e o estreitamento da caixa córnea.
A terceira falange ou osso do pé é o mais vascularizado e o mais irrigado do esqueleto do cavalo e, também, o mais sobrecarregado. Em consequência, as congestões e inflamações do pé são frequentes e, quase sempre, de natureza grave.
O pé é um órgão muito sensível. Apesar de sua sensibilidade não ser maior que a de muitos outros órgãos do corpo, as condições em que se encontra, isto é, encerrado em um estojo duro e perfeitamente ligado às partes vivas, faz com que a sensação de dor seja muito maior que em qualquer outra região do organismo.
O pé possui, ainda, uma sensibilidade tátil toda especial que, graças a ela, o animal tem consciência das condições do terreno em que pisa, conservando a segurança de seus movimentos. O crescimento do casco acontece porque as células do corpo mucoso proliferam de maneira contínua e vão se queratinizando, de tal maneira, que a córnea vai se renovando sem cessar, por justaposição de novos elementos. Cada nova camada de córnea que se forma empurra a camada anterior, determinando o crescimento do casco. Esse crescimento se processa de cima para baixo e é de 8,5 milímetros por mês, no cavalo. No fim de um ano, os talões terão crescido um centímetro mais que a pinça.
Nos muares, o crescimento do casco é de 6,6 milímetros por mês e, ao fim de um ano, a pinça terá crescido um centímetro a mais que os talões. O casco possui, ainda, a capacidade de regeneração (queratogênese), ou seja, a formação de novo tecido córneo para reparar uma porção do casco que foi destruída acidental ou experimentalmente. Para se ter uma ideia, a renovação total da córnea se faz em nove a dez meses na região da pinça e em três a quatro meses nos talões, sendo um pouco mais rápida nos pés traseiros.
Orlando Marcelo Vendramini, coordenador do Curso Aparação de Cascos, Correção de Aprumos e Ferrageamento de Cavalos, elaborado pelo CPT - Centro de Produções Técnicas destaca alguns fatores influenciam nessa regeneração:
Raça - Nos cavalos de raça fina, a regeneração do casco é mais rápida.
Idade - A regeneração é mais rápida na idade jovem.
Exercício - O exercício ativa a regeneração (ou o crescimento do tecido córneo que também é conhecido como queratogênese), por estímulo direto dos órgãos encarregados da formação da córnea e por acarretar o aumento do extravasamento do plasma sanguíneo.
Comprimento do casco - O excesso de casco se opõe à descida das camadas de nova córnea, acarretando compressão da matriz.
Mau ferrageamento - A má ferragem, quando influi de uma maneira desfavorável sobre a nutrição do pé, fatalmente prejudicará o crescimento.
Aprumos - Em um cavalo mau aprumado, o crescimento da camada córnea é maior nas regiões que sofrem menos peso.
Inflamação do Bordalete - Os estados congestivos do bordalete aumentam sua atividade funcional, observando-se um engrossamento da parede.
Manqueiras - Na manqueira, a falta de atividade da extremidade locomotora (pé) é seguida de uma diminuição do crescimento do casco, por falta de estímulo do bordalete.
Alimentação - Os efeitos de uma alimentação abundante se refletem sobre todas as funções orgânicas, inclusive a queratogênese.