Biologia das abelhas

O fenômeno de enxameação tende a acontecer mais ao final das floradas

Em uma colmeia vive uma sociedade dividida em castas, onde as abelhas do sexo feminino dominam: estão presentes a abelha rainha e as abelhas operárias de quem depende toda a vida na colmeia. Já os zangões, que são os machos, e têm como única função a reprodução, dependem das operárias para sobreviver.

A rainha é produzida pelas próprias abelhas operárias. A larva da rainha se desenvolve em uma célula de criação muito maior que um alvéolo de operária. Na célula real, mais conhecida como realeira, é fornecida uma dieta especial, à base de geleia real, que a tornará uma rainha, diferenciando-se das operárias. Essa geleia é secretada pelas próprias abelhas que cuidam da futura rainha. Depois do voo nupcial, a rainha passa a fazer posturas, podendo colocar de dois a três mil ovos por dia, com boa fecundidade até o terceiro ano de vida. Ela domina toda a população da colmeia por meio de uma substância exalada denominada feromônio, que mantém a unidade da colmeia.

As operárias cuidam da colmeia, fazendo todos os tipos de atividade: higiene, busca de alimento e água, coleta de pólen (fonte de proteínas da dieta), néctar (transformado em mel) e resinas (que compõem a própolis). Elas também secretam e moldam a cera, para a construção dos favos, alimentam a rainha e os zangões, e cuidam das larvas até o nascimento.

Quanto aos zangões, não possuem ferrão e dependem do alimento (mel e pólen) elaborado pelas operárias, podendo ser expulsos da colmeia em épocas de escassez de alimento. Outra característica importante é que o zangão morre após a cópula com uma rainha. O zangão adulto não é alimentado pelas operárias. Somente a rainha é alimentada através da teofalax (boca a boca), durante toda a sua vida.

Para chegar até a fase adulta, a abelha passa por diversas transformações, chamadas de metamorfoses, seguindo a sequência de ovo, larva, pré-pupa, pupa e adulto. Ao todo são 21 dias entre a postura e o nascimento de uma abelha operária, 16 dias para a rainha e 24 dias para o zangão.

Vale a pena observar que esse ciclo evolutivo está baseado no desenvolvimento das abelhas europeias. As abelhas africanizadas nascem, normalmente, com um dia a menos. Ao longo da vida da operária, ela exerce diversas funções dentro e fora da colmeia. Em geral, as operárias, em períodos de floradas, vivem cerca de 42 dias de idade, iniciando a etapa de campeira a partir de 20 dias após o nascimento. Esse tempo de vida pode se alongar mais na entressafra de flores, quando o trabalho da operária como campeira reduz significativamente e ela passa a maior parte do tempo no interior da colmeia.

Quando a rainha envelhece, diminui a produção de feromônio, o que afeta diretamente a unidade da colmeia. Percebendo o menor efeito do feromônio, as próprias operárias tratam de produzir uma nova rainha. Constroem uma ou mais realeiras, a partir da identificação de larvas ideais para a produção de rainhas (larvas com até três dias). Portanto, identificam as larvas, destroem os opérculos e constroem as realeiras, as quais serão alimentadas com geleia real até o nascimento de uma nova rainha. A primeira a nascer, imediatamente, destrói as outras realeiras para que nenhuma rival possa nascer.

A colmeia fica então com duas rainhas, a antiga, ainda ativa, e a mais jovem. Nesse momento, podem ocorrer duas situações distintas com a família que está trocando ou estabelecendo novas rainhas. Uma acontece quando a família está trocando a rainha velha, pois a antiga não está mais cumprindo com a sua função reprodutiva na comunidade. Neste caso, elas matam a rainha velha ou a expulsam do enxame e não lhe fornecem mais alimentos.

A outra é o fenômeno da enxameação, causado por diversos motivos, tais como: falta de espaço para o desenvolvimento da colmeia, favos velhos e defeituosos, rainhas velhas (neste caso, duas princesas sobreviverão: uma permanecerá na colmeia e a outra acompanhará metade do enxame), instinto enxameatório (predominante entre as abelhas africanas) etc. Portanto, um enxame pode se dividir (enxameação) sem que, necessariamente, a rainha esteja velha ou improdutiva.

Segundo Paulo Sérgio Cavalcanti Costa, coordenador do Curso Produção de Pólen e Geleia Real, elaborado pelo CPT - Centro de Produções Técnicas, a enxameação tende a acontecer mais ao final das floradas, quando as reservas alimentares da colmeia estão elevadas. Também pode ocorrer por falta de espaço na colmeia, que se vê obrigada a fazer uma divisão. Esse fenômeno é o responsável pela multiplicação e distribuição das abelhas.

Equipe de Redação 21-11-2011 Apicultura
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