Após 20 anos de pesquisa da Unesp, foi descoberto um soro antiapílico (contraveneno de abelhas). Os resultados em pacientes, que receberam inúmeras ferroadas de abelhas, mostraram-se surpreendentes. Mas para entrar no mercado, é preciso comprovar a eficácia do soro em um grupo definido de pacientes (Anvisa). Como as pessoas que têm recebido o soro apresentam excelente recuperação, até 2020, o contraveneno de abelhas deve ser autorizado para uso na rede pública hospitalar.
Para ser administrado no paciente, o antiapílico deve ser adicionado à bolsa de soro fisiológico. Assim, ele entra lentamente na corrente sanguínea, para que os anticorpos presentes nele localizem as moléculas de veneno e ativem os glóbulos brancos, que eliminam as toxinas. O número de ampolas a serem utilizadas depende do número de picadas e da resposta do paciente ao soro. Para neutralizar 100 picadas, uma ampola já é suficiente.
O veneno das abelhas, um dos principais componentes para a produção do soro antiapílico, é produzido no Setor de Apicultura da Unesp (Botucatu-SP). Segundo o professor Ricardo Orsi, é necessária a extração em dez mil abelhas, para produzir apenas um grama de veneno em pó. A coleta é realizada em uma placa de acrílico, com arame conectado a uma bateria, que lança uma pequena descarga elétrica nas abelhas.
Quando ferroa alguém, a abelha perde o ferrão, junto à parte do abdome onde está a bolsa de veneno. Na placa coletora, não há onde cravar o ferrão. Assim, quando estimulada pelo pequeno choque, a abelha ferroa, mas não perde o ferrão, apenas libera o veneno. Depois, basta raspar a placa de acrílico onde o veneno se encontra solidificado. Em seguida, ele é encaminhado para os laboratórios da Cevap - Centro de Estudos de Animais Peçonhentos da Unesp, onde o veneno passa por purificação e processamento.
Dos laboratórios da Unesp, o veneno segue para o Instituto Vital Brasil onde é injetado em equinos durante sete dias. Como o veneno já está processado, os cavalos não sentem dor. Cada equídeo recebe meio litro, o que corresponde a cinco mil picadas de abelhas. O objetivo é fazer com que o organismo do animal forme anticorpos (imunoglobulinas), que inibirão a ação do veneno. Quando isso ocorre, o cavalo passa por quatro sessões de doação de sangue.
A bolsa com oito litros de sangue é pendurada para que haja decantação das hemácias (estas seguem para reinfusão nos cavalos). Já o plasma fica na superfície (líquido cor guaraná) e é enviado para a fabricação do soro antiapílico. No processo, ele é diluído em água de alto grau de pureza, para passar pela fase de separação, onde apenas são selecionados os anticorpos produzidos pelos equinos. Em seguida, o líquido passa por filtração esterilizante e pelo controle de qualidade antes de ser envasado.
Fonte: Globo Rural.
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