Técnicas de restauração florestal

A sucessão secundária depende de uma série de fatores como a presença de vegetação remanescente, o banco de sementes do solo e a rebrota de espécies arbustivo-arbóreas

Método da regeneração natural

Por meio do processo de regeneração, as florestas apresentam capacidade de se recuperarem de distúrbios naturais ou antrópicos. Quando uma determinada floresta sofre um distúrbio, como um desmatamento ou um incêndio, a sucessão secundária se encarrega de promover a colonização da área aberta e conduzir a vegetação por meio de uma série de estádios sucessionais, caracterizados por grupos de plantas que vão se substituindo ao longo do tempo, modificando as condições ecológicas locais até chegar a uma comunidade bem estruturada e ecologicamente mais estável.

A sucessão secundária depende de uma série de fatores como a presença de vegetação remanescente, o banco de sementes do solo, a rebrota de espécies arbustivo-arbóreas, a proximidade de fontes de sementes e a intensidade e a duração do distúrbio. Assim, cada área degradada apresentará uma dinâmica sucessional específica.

Em áreas onde a degradação não foi muito intensa, o banco de sementes do solo não foi perdido e existem fontes de sementes próximas, a regeneração natural pode ser suficiente para a restauração florestal. Nesses casos, torna-se imprescindível eliminar o fator de degradação, ou seja, isolar a área e não praticar qualquer atividade de cultivo.

Escolha de espécies para o uso em restauração florestal

As florestas nativas e a maioria dos ecossistemas tropicais apresentam grande heterogeneidade florística por ocuparem diferentes ambientes. A grande variação de fatores ecológicos, desde as margens dos cursos d’água até as áreas altas, nos topos de morros e montanhas, resultam em uma vegetação arbustivo-arbórea adaptada a tais variações.

Recomenda-se adotar os seguintes critérios básicos na seleção de espécies para a restauração florestal:

  • Plantar espécies nativas com ocorrência em florestas da mesma microbacia hidrográfica ou da região.
  • Plantar o maior número possível de espécies para gerar alta diversidade.
  • Plantar mudas oriundas de sementes obtidas em várias árvores matrizes de diferentes remanescentes florestais para garantir diversidade genética.
  • Utilizar combinações de espécies pioneiras de rápido crescimento e copa ampla junto com espécies não-pioneiras (secundárias tardias e clímax).
  • Plantar espécies atrativas à fauna.
  • Respeitar a tolerância das espécies à umidade do solo, isto é, plantar espécies adaptadas a cada condição de umidade do solo.
  • Em solos degradados, plantar espécies leguminosas fixadoras de nitrogênio.

Produção de sementes

O número e a distribuição das árvores que serão utilizadas como matrizes são extremamente importantes. A coleta de sementes em uma ou poucas árvores, localizadas próximas umas das outras, tende a restringir a diversidade genética, podendo, no futuro, resultar em problemas de conservação da espécie na floresta em que foi plantada. Recomenda-se para cada espécie coletar sementes de, no mínimo, 12 a 15 árvores, se possível, de diferentes fragmentos florestais ou, de árvores distantes umas das outras, no caso de grandes remanescentes florestais. As matrizes devem ter bom porte, boa forma e bom estado fitossanitário.

Uma vez selecionadas as matrizes, procede-se à coleta das sementes propriamente dita. Esta deve ser realizada quando os frutos apresentarem sinais indicativos de maturação, como mudança de coloração, início da queda, visitação por dispersores, entre outros. Para espécies com dispersão pelo vento (anemocoria), a coleta deve ser realizada antes da abertura dos frutos secos para se evitar grandes perdas de sementes. Um indicador de maturação fisiológica das sementes de fácil observação no campo é a mudança de coloração dos frutos. Normalmente, frutos carnosos passam de uma coloração verde para amarela, ou vermelha; e frutos secos, de verde para a parda ou marrom.

Segundo o professor Sebastião Venâncio Martins, coordenador do Curso Restauração Florestal em Áreas de Preservação Permanente e Reserva Legal, elaborado pelo CPT - Centro de Produções Técnicas, após a coleta, as sementes são beneficiadas, retirando-se toda a impureza como asas, polpa, sementes quebradas e brocadas, entre outros. A técnica de beneficiamento a ser adotada é determinada em função do tipo de fruto.

Equipe de Redação 04-09-2012 Meio Ambiente

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